Eu, talvez por querer completar o quebra-cabeça existencial de qualquer maneira, tenho alternado versões sobre versões do meu melhor modelo de ser e viver, imaginando as inúmeras informações que ainda me faltam para ter a visão que desejo das coisas. Certamente com menos de um terço das peças na mesa, vivo conjecturando, preenchendo o que falta com muita imaginação e especulação. Até pouco tempo atrás, a cada nova amarração de um ponto antes desconhecido, imaginava-me detentor de profunda coerência. Grande tolo. A incompletude é irmã da ignorância e me parece que a compreensão mais perfeita da Verdade somente se dará quando não formos mais ignorantes em relação a qualquer coisa. Nem consigo imaginar a que tempo a humanidade poderá ostentar tal status. Por enquanto, fiquemos com a nossa melhor compreensão possível. Com um mínimo de coerência, isto deve nos bastar por esta vida.
Como alguém que manifesta a vida com grande curiosidade pelo desconhecido, o que não tem me faltado são oportunidades para exercitar a minha observação crítica sobre os contextos e as dinâmicas envolvidas. Movimentos, interações e transformações têm me ocupado o pensamento desde pequeno. Naturalmente, toda criança é curiosa, mas alguém frequente e profundamente insatisfeito com o status quo das coisas certamente se encaixa na categoria dos curiosos obsessivos. São os sonhadores, transformadores de realidade, ou qualquer outro termo que se queira usar para designar quem vive mais no mundo das possibilidades que na realidade prática da existência. Eu prefiro me declarar pertencente à tribo dos visionários.
Ser visionário significa preferir lidar com o que poderia ser em vez de conviver com o que é. E ser visionário definiu a minha base de entendimento do mundo e o escopo do meu pensamento sobre a existência. Para mim, desde sempre, tudo poderiam ser melhorado e, para isto, precisávamos compreender o nosso contexto e as dinâmicas envolvidas. Afinal, onde estamos? O que se move por aqui? Com qual frequência? Gerando quais resultados? As respostas não são relevantes agora, ao menos para um visionário. Certamente elas chegarão, mas, para quem vive em busca das possibilidades de fazer mais e melhor, o que importa mesmo é fazer perguntas. Elas são suficientes para despertar a sua capacidade de ver o que, por enquanto, encontra-se somente em sua mente.